Para não esquecer...

ANTÓNIO ROSA MENDES

O António Manuel Nunes Rosa Mendes faleceu no dia 4 de Junho de 2013. Doutorado em história, Professor na Universidade do Algarve, advogado, editor. O Rosa Mendes tinha a minha idade e era meu colega em duplicado: como advogado e sócio na editora Gente Singular. Era do PSD, tinha dirigido Faro capital da cultura em 2005. Era afável, inteligente, culto, um homem de bom senso. Imensamente sabedor, culto e inteligente (que é das coisas que mais admiro numa pessoa). Ah! era meu amigo, ou, pelo menos, era eu amigo dele. Tínhamos algumas cumplicidades. SMS trocados com ele e o Paulo até às tantas dariam indício disso.

A última vez que estive com ele, a jantar, foi na minha casa, na Páscoa, com o António Gomes. Nunca mais o vi nem falei com ele. Mandámos mensagens. Primeiro, estive doente; depois estava ele. Fomos adiando uma reunião da editora, até o seu telefone se ter calado.

A Assembleia da República prestou-lhe homenagem por unanimidade. Não sei de quem foi a iniciativa, mas, fosse de quem fosse, tive orgulho, nesse dia, da nossa AR. Por oportunismo ou por sincero sentir, a AR prestou homenagem a um cidadão ímpar. Ele teria gostado. Eu, como amigo, agradeço.

O Rosa Mendes era um extraordinário ouvinte. Fosse quem fosse que com quem falasse, ouvia muito atentamente o que lhe diziam. A sua linguagem, quer escrita quer falada, fugia ao esperanto televisivo, no dizer de Teresa Rita Lopes. De rico vocabulário e construção frásica apurada, o Rosa Mendes era um cultor da língua portuguesa. Diziam-lhe que lia duas páginas de Aquilino ao deitar e ao levantar, qual terço católico, para se manter em forma… Os seus livros são um hino à língua portuguesa, para além de um conteúdo sólido e de reflexão séria.


Dizia-me ser a Editora Gente Singular o empreendimento mais importante a que tinha jogado mãos.

Os amigos vão desaparecendo e já os temos mais no cemitério do que cá fora. Sinto-me mais lá do que cá. Com o Rosa Mendes foi também muito de mim. Até já, Rosa Mendes.

escrito por Carlos M. E. Lopes

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