Para não esquecer...

OS POLÍTICOS E AS FÁBULAS

Como é do conhecimento de (quase) toda a gente, um ministro evocou, e invocou, uma das fábulas de La Fontaine para chamar preguiçosos aos Portugueses.

Não sei em qual dos dois grupos se inclui, mas decididamente o Sr. Ministro está démodé, no que toca a fábulas: é que a fábula que ele evocou já foi actualizada (updated) e ninguém o informou. Nem o SIS.


Agora, a nova versão, mais adaptada aos tempos modernos, é outra: a cigarra, depois de ter levado com a porta da formiga na cara, fez-se à vida e regressou mais tarde, batendo outra vez à mesma porta. Mas desta feita com “atitude”, como dizem os amigos americanos. A formiga veio de lá, com a esfregona na mão, agastada por perturbarem o seu trabalho. Abriu a porta de rompante e ia abrir a boca para dizer: “deixem-me trab…”, mas fechou-a logo, sem uma palavra. E que viu ela? A cigarra a sair da limusina (aqui convém explicar que quem bateu à porta foi o chauffeur, sob pena de não acreditarem na história), com um casaco de vison (fake, para não ser processada pela Sociedade Protectora dos Animais), de saltos altos, enfim, toda chique e com atitude, viu?

A cigarra toda dengosa, olhando a outra do alto dos 10 cm dos seus saltos, disse por fim, com violinos na voz: oi, quirida! Estou indo para Paris. Agora eu sou uma estrela POP – Rock e pode-me pidirrr seja o que for que eu dou. O que você deseja? Colocou o peso pluma do seu corpo na anca direita, em pose, enquanto inspirava, o mais que podia, o fumo do cigarro na ponta da boquilha, ajeitada na mão enluvada, e o despejava todinho nas fuças da formiga. A vingança serve-se fria, né?

A outra, fazendo-se ainda mais negra, de inveja e raiva, encostou-se ao pau da esfregona e retorquiu: olha, minha sirigaita! Se vires por lá o La Fontaine, manda-o à m…!

[Versão livremente adaptada da versão que circulou por aí, nos emails.]
 

escrito por Gabriela Correia, Faro

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